Marina Moncay (advocacia e consultoria jurídica)

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Prisão preventiva

Introdução

A prisão preventiva é uma das medidas cautelares mais controversas e debatidas no sistema de justiça criminal. Neste artigo, exploraremos em profundidade o conceito, as bases legais e os principais aspectos relacionados à prisão preventiva no Brasil. Além disso, discutiremos os critérios para sua decretação, os limites impostos pela legislação, o papel da defesa do custodiado, dentre outros temas relevantes sobre a prisão preventiva.

Prisão preventiva

A prisão preventiva é uma medida cautelar prevista no Código de Processo Penal. Ela pode ser decretada pelo juiz a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial, mas não pode ser decretada de ofício. Dessa forma, o acusado pode ser privado de sua liberdade antes mesmo de ser julgado e condenado definitivamente pelo crime que lhe é imputado.

Momento da decretação da prisão preventiva

Após a prisão em flagrante, o juiz deve analisar, em até 24 horas, a legalidade da prisão e decidir se a mantém ou a converte em prisão preventiva. Para a conversão, além dos requisitos do artigo 312 do CPP, o juiz deve considerar a necessidade da medida cautelar em relação às circunstâncias do caso.

No entanto, a prisão preventiva pode ser decretada a qualquer tempo, ou seja, durante qualquer fase da investigação ou do processo, desde que presentes os requisitos legais. Isso significa que a medida pode ser aplicada tanto durante a fase de inquérito policial quanto durante o processo judicial.

Cautela na decretação da prisão preventiva

Os juízes devem decretar a prisão preventiva com extrema cautela. Esta medida deve ser aplicada somente quando absolutamente necessária e em conformidade com os requisitos legais. A prisão preventiva é uma medida excepcional e deve ser utilizada de maneira justa e proporcional, respeitando os direitos fundamentais do acusado e evitando abusos ou excessos.

Circunstâncias para a decretação da prisão preventiva

Para que a prisão preventiva seja decretada, devem estar presentes certos requisitos:

Prova da existência do crime: É necessário que existam indícios suficientes de que um crime foi cometido, evidenciados por meio de elementos concretos, como depoimentos, documentos, perícias, entre outros.

Indícios suficientes de autoria: Devem existir indícios razoáveis de que o acusado é o autor do crime. Estes indícios podem ser oriundos de testemunhos, provas documentais, perícias, entre outros meios de prova que liguem o acusado ao delito.

Além desses requisitos básicos, pelo menos uma das seguintes circunstâncias deve estar presente:

Garantia da ordem pública: A prisão preventiva pode ser decretada para evitar que o acusado continue a cometer crimes, proteger a sociedade de possíveis ações criminosas futuras e manter a paz social. Exemplo: um indivíduo acusado de crimes violentos com histórico de reincidência.

Garantia da ordem econômica: Aplicável em casos de crimes que afetam gravemente a economia, como crimes contra o sistema financeiro, corrupção, ou lavagem de dinheiro. Exemplo: um empresário acusado de fraudes financeiras em grande escala que possa continuar a operar suas atividades ilícitas.

Conveniência da instrução criminal: A prisão preventiva pode ser decretada para assegurar que o acusado não interfira na coleta de provas, intimide testemunhas, destrua documentos ou atrapalhe a investigação. Exemplo: um acusado que já tenha tentado manipular provas ou ameaçar testemunhas.

Assegurar a aplicação da lei penal: Visa garantir que o acusado não fuja e se furte à aplicação da pena. Exemplo: um acusado que não possui residência fixa, recursos financeiros para fugir do país ou já tentou fugir em outra ocasião.

Estratégias de defesa para revogar a prisão preventiva

A defesa pode adotar várias estratégias para revogar a prisão preventiva, buscando demonstrar a ausência dos requisitos ou a possibilidade de aplicação de medidas cautelares diversas da prisão.

A prisão preventiva pode ser revogada através de um pedido de liberdade feito ao próprio juiz que decretou a medida, bem como por meio de um habeas corpus, perante o Tribunal, argumentando que a prisão é ilegal por falta de requisitos e pelos fundamentos jurídicos que justificam a liberdade do acusado.

É importante mencionar que a juntada de documentos que comprovem que o acusado trabalha, tem residência fixa, família constituída, dentre outros, pode ajudar a defesa no pedido de revogação da prisão preventiva.

Ademais, a defesa pode sugerir medidas cautelares alternativas à prisão como monitoramento eletrônico, recolhimento domiciliar noturno, proibição de se ausentar da comarca, comparecimento periódico em juízo, dentre outras medidas.

Requerimento de revisão periódica

O Código de Processo Penal prevê a revisão periódica da necessidade da prisão preventiva, ou seja, a prisão deve ser reavaliada a cada 90 dias. Na revisão periódica, o juiz deve avaliar se os motivos que justificaram a decretação inicial ainda persistem. Caso contrário, a prisão deve ser revogada ou substituída por outra medida cautelar.

Excesso de prazo e direito à liberdade

O excesso de prazo ocorre quando a prisão preventiva se prolonga por período além do razoável, sem que haja justificativa plausível para sua continuidade. Esse prolongamento injustificado viola o direito fundamental à liberdade do acusado, consagrado na Constituição Federal e em tratados internacionais de direitos humanos.

O Código de Processo Penal estabelece que a instrução criminal deverá ser concluída no prazo máximo de 90 dias, contados a partir do recebimento da denúncia ou queixa pelo juízo competente. Vale ressaltar que esse prazo pode ser prorrogado, se houver motivo justificado.

Conclusão

A prisão preventiva é uma medida severa que deve ser aplicada com cautela e fundamentação adequada. A defesa tem um papel crucial em assegurar que os direitos do acusado sejam respeitados, utilizando estratégias legais para revogar a prisão preventiva quando os requisitos não estiverem presentes. A compreensão profunda dos aspectos legais e das possibilidades de defesa é essencial para garantir a justiça e a proteção dos direitos individuais.

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